quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Oportunidades e Desafios: uma escolha a fazer

A economia brasileira passa por um período de estabilidade e expectativa de crescimento jamais imaginados. Juntamente com bons indicadores macroeconômicos, tem-se uma posição de equilíbrio internacional sem grandes crises, um excesso de crédito em busca de oportunidades e taxas de juros reais em patamares baixíssimos no mundo todo.

O Brasil vem mantendo controle rígido para atingir as metas de inflação, visto que esta permanece há três anos com taxas anuais abaixo de 4%, indicando para algo em torno de 3,5% para 2007 e próxima a 4% em 2008. O Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de toda a produção realizada no país durante um ano, caminha para encerrar 2007 com crescimento de 4,2%, podendo atingir a meta estabelecida pelo governo de 4,5% neste ano. E para 2008, espera-se um crescimento de 4%.

O Comitê de Política Monetária (COPOM) tem demonstrado equilíbrio em suas decisões, com certo exagero em alguns momentos. O Brasil tem, atualmente, sua menor taxa de juros em todos os tempos, 12% ao ano. No entanto, continua com a mais alta taxa de juros real (excluida a inflação) do mundo, de 8,3% ao ano. Este descasamento da taxa interna real de juros com a mundial, em torno de 2,5 a 3,5% ao ano, é um dos fatores que pressiona a valorização da nossa moeda, o real, tornando o ativo mais valioso.

O ambiente externo é favorável ao Brasil, visto o aquecimento do preço das principais “commodities” nacionais, juntamente com uma fragilidade da economia norte-americana com seus sucessivos e crescentes déficits comerciais e de conta corrente, a valorização do Real não tem afetado a Balança Comercial. Para entender o porquê do Brasil ser hoje desejo de investidores internacionais, em maio deste ano o dólar terminou com queda de 5,5% em seu valor frente ao Real, e o investidor estrangeiro que estava com posição “vendida” no mercado futuro de dólar na BM&F conseguiu embolsar 6,6% de ganho (5,5% da variação cambial mais 1,03 da Selic no mês).

Nos últimos anos, a necessidade incontrolável do governo brasileiro em obter recursos para se autofinanciar, beneficiou os agentes econômicos que detinham recursos disponíveis. Em 2003, quem decidiu financiar o governo brasileiro ganhou em média 23% em suas aplicações de baixo risco. Em 2005, o ganho ficou em torno de 19% e em 2006, em média 15%. Por outro lado, os agentes econômicos tomadores de recursos (empresas e pessoas físicas) tiveram que sobreviver com juros que ultrapassavam 100% ao ano.

Verifica-se que neste ano e principalmente para 2008, haverá uma inversão nesta lógica, ou seja, os agentes aplicadores terão que correr risco para aumentar a rentabilidade de sua carteira ao passo que os tomadores terão acesso a recursos de longo prazo e taxas dignas de países desenvolvidos. Conforme relatório FOCUS de junho/2007 do Banco Central, a expectativa é de encerrar este ano com a Selic em 10,75% aa. Neste patamar, uma aplicação financeira indexada no CDI (Certificado de Depósito Interbancário) terá rentabilidade líquida (excluido IR e inflação) em torno de 4,6% ao ano. E para 2008, com uma Selic abaixo de 10% - há apostas em até 8% ao ano - levará a rendimentos líquidos a 3,6% ao ano. Os recursos destinados à atividade produtiva terão retorno esperado de 4,2% para 2007 e de 4% esperados para 2008. Por outro lado, as empresas tomadoras de recursos já estão se beneficiando da queda na Selic com taxas de mercado que estão entre 130% a 160% do CDI, o que representa 16,5% a 19,2% ao ano.

Surgem então desafios e oportunidades para o empresário brasileiro. A instabilidade econômica do Brasil no passado recente ensinou aos empresários como sobreviver na adversidade. Aqueles que sobreviveram as tempestades e acreditam em seu negócio, colherão frutos a médio e longo prazo. Contudo, não basta apenas incitar este anseio ao capital produtivo em busca de novas oportunidades, há que se garantir investimentos imprescindíveis na infra-estrutura, melhorar a gestão do gasto público e principalmente, lutar por uma redução substancial na carga tributária.


Cícero Cambraia de Sousa Maia
Economista, especialista em Finanças pela FAGEN-UFU
cicero_maia@hotmail.com

Artigo Publicado pela Revista Negócio, Ano 11, No. 76 - Julho/2007

3 comentários:

  1. cicim
    me recordo bem desse artigo e isso ae vamos começar ...

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  2. uai... bom d+++ vc ter lido,,, foi o primeiro a dizer que leu... temos que escrever mesmo,,, e muito..

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  3. ótimos esclarecimentos, cicim!
    até eu que não sei nada de economia, deu pra pegar muita coisa! hehehe

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