O que uma geladeira, um carro, uma árvore, um banco, uma chuva e uma sandália têm em comum? A princípio, nada. Mas é só analisar os novos comerciais dos mais diversos segmentos para chegar a conclusão que todos, de alguma forma, estão intimamente ligados.
Defender o meio-ambiente, quem diria, ficou legal. Antigamente era apenas chato ou irritante. As empresas logo perceberam isso e começaram a usar essa marca em seus produtos.
Primeiro foram as geladeiras, ao retirar um componente de sua fabricação que causava buracos na camada de ozônio, e logo depois, as que gastam menos energia.
Depois, vieram os carros, que com inovações no motor e no escapamento, poluíam e consumiam menos, e apostaram nessa medida para venderem mais.
Mas qual não foi a minha surpresa ao ligar a televisão e perceber que, de repente, todos os bancos ficaram bonzinhos e preocupados com o futuro das novas gerações. Quatro das maiores instituições financeiras do país apostam nessa marca. É um tal de "sustentabilidade", "reinventar", "solidário" que assusta. Um desavisado pode esquecer que, na verdade, os bancos vendem é dinheiro mesmo.
Mais sem entender ainda fiquei ao ver um comercial de uma nova marca de sandália. Uma chuva cai sobre a modelo e o produto e ao final aparece a seguinte mensagem: "A água utilizada neste comercial é reaproveitada".
Legal: A sandália é politicamente correta, o banco usa papel reciclado, o carro aquece menos o planeta e a geladeira não prejudica a camada de ozônio. Vou dar o meu dinheiro para eles então.
No final dos anos 80 e começo dos 90, os ativistas ecológicos eram discriminados, como inconvenientes e inoportunos. Detidos em reuniões importantes e encontros que discutiam - talvez não tão seriamente como deveria - o futuro do planeta. Os "verdes" eram taxados de hippies, naturebas ou maconheiros acéfalos. A presença deles nesses eventos ou na própria mídia era prontamente dispensável.
Hoje, ninguém aguenta mais falar de aquecimento global (o outrora chamado "efeito estufa", mas é anos 80 demais dizer isso), com a diferença que continuam falando, por ser o marketing do politicamente correto.
Colocar no produto que ele é ecologicamente responsável, ou veicular a imagem da marca a causas ambientais é a tendência do milênio, mesmo que você pouco se importe com as tais calotas polares ou com o panda que não consegue reproduzir.
E se o bom marketeiro faz isso com marcas de empresas, adivinha o que ele vai fazer depois? Sim, investir a mesmíssima idéia no marketing político.
Isso aumenta o cuidado que se deve ter com as próximas campanhas eleitorais. Ano que vem é ano político, e aposto 50 mudas de eucalipto que o meio-ambiente será a plataforma que reinará nos discursos.
Que as empresas se preocupem sim com o meio ambiente. Os políticos, idem. Mas tanto o consumidor quanto o eleitor devem saber diferenciar o ideal do oportunismo. Nessa floresta, as árvores são quase iguais.
terça-feira, 18 de setembro de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Parabéns, Ulisses!
ResponderExcluirComo sempre, desde os tempos dos nossos blogs, falando as verdades.
Genial, meu amigo!
ResponderExcluirparabens tche vc fez uma boa relação de oportunismo.
ResponderExcluirde qualquer forma, apesar de oportunismo e interesses politicos eleitoreiros é interessante colocar que o mundo melhorou, ainda bem que o meio ambiente virou negocio, e a preservação começou a ser diferncial, comercial e politicamente correto, imagine se isso nao tivesse acontecido. mas o que gostei mais foi seu alerta quanto a ficarmos alertas aos oportunistas de plantão
vamos postar mais textos nao pessoal dos blocos???
ResponderExcluir